Do descobrimento da AIDS até o presente momento, já se passaram 37 anos. 

O mês de Dezembro é dedicado à conscientização dessa doença que causou uma verdadeira epidemia nas décadas de 80 e 90, sendo responsável por milhares de mortes e um novo estigma para a população homossexual. 

Mas afinal, como surgiu a AIDS?

A AIDS é uma doença crônica provocada pelo vírus HIV, da imunodeficiência humana. Ele ataca nosso sistema imunológico e multiplica-se rapidamente no corpo humano, espalhando a infecção. 

Não se sabe precisamente como o primeiro ser humano se infectou com a doença, mas existem especulações de que ocorreu durante a década de 30, em populações que tinham como animais domésticos, os chimpanzés e macacos-verdes em tribos da África. 

Nem todas as pessoas que carregam o vírus HIV desenvolvem AIDS, muitos passam anos sem saber que o possuem, completamente assintomáticos.

Porém, estas pessoas podem transmitir o vírus a outros seres humanos sem saber, por meio de  compartilhamento de seringas, transfusão de sangue contaminado, contato sexual desprotegido – seja através do sexo oral, vaginal ou anal – (independente do gênero) e de mãe para filho, durante o parto ou amamentação. 

Como a AIDS não é transmitida?

O preconceito que se originou durante a descoberta dessa doença, disseminou muitas fake news a respeito de como o contágio se dá. Por isso, é sempre importante lembrar que o HIV não é transmitido por situações do cotidiano como beijo na bochecha ou boca, abraço, picada de inseto, suor ou lágrima, masturbação, sexo com o uso correto de preservativo, compartilhamento de toalhas, talheres, piscinas, banheiros e ar. 

No Brasil, personalidades como Cazuza e Renato Russo, faleceram por complicações da AIDS, e por serem assumidamente homossexuais, suas mortes contribuíram para o estigma de que a doença afeta somente essa parcela da população, um mito.

Como foi a evolução do tratamento para AIDS?

1985- Uma das primeiras drogas a serem utilizadas para tratar a AIDS foi o AZT. Porém, pouco tempo depois, cientistas observaram que o vírus adquiria resistência a ele, levando a severas complicações na saúde dos pacientes. 

1991- O DDC passa a ser autorizado nos Estados Unidos como o novo tratamento para os soropositivos. No Brasil, inicia-se a distribuição gratuita dos antirretrovirais.

1992- É criado um coquetel que utiliza o AZT e Videx para tratamento combinado da AIDS. 

1993- O Brasil começa o mapeamento de pacientes portadores da AIDS para possíveis testes de vacinas e coquetéis, com o objetivo final de tratamento da doença. Nesse mesmo ano, a produção do AZT é iniciada nacionalmente. 

1994- Um grupo de drogas denominado inibidores de protease são estudados para atuar de maneira solo ou em conjunto com o AZT e se mostram eficazes na recuperação e diminuição de infecções oportunistas e mortalidade imediata. Porém também é um tratamento extremamente caro. 

1995- Inibidores de protease são liberados nos EUA como uma alternativa ao tratamento da doença.

1996- Um esquema com três medicamentos distintos, um inibidor de protease e dois inibidores de transcriptase compõem o primeiro tratamento de consenso geral liberado gratuitamente no Brasil. 

1998- Em paralelo à primeira candidata à vacina mundial, o Brasil torna obrigatório que planos de saúde arquem com as despesas referentes ao tratamento da AIDS, porém sem incluir o tratamento com terapias antirretrovirais. 

1999- O Ministério da Saúde libera 15 medicamentos antirretrovirais para serem utilizados na terapia do HIV. Em paralelo, 80% das infecções oportunistas e 50% das mortes pelo vírus reduzem no Brasil. 

2000- Um acordo promovido pela ONU faz com que cinco grandes produtoras de medicamentos contra a AIDS anunciem uma no valor da aquisição dessas drogas em países em desenvolvimento. 

2001- Uma denúncia envolvendo o alto preço para aquisição dos medicamentos e a ameaça de quebra de patentes para produção das drogas faz com que o valor para compra reduza drasticamente no Brasil. 

2006- Em terras brasileiras, o antirretroviral Tenofovir passa a ser 50% mais barato. 

2007- A Tailândia começa a produzir uma cópia da droga Kaletra. Em paralelo, o Brasil anunciou o licenciamento compulsório do Efavirenz. Também neste ano, um acordo reduziu o preço do Lopinavir/Ritonavir e a UNITAID reduz o preço de antirretrovirais em até 50%.

2008- O Brasil investiu US$10 milhões de reais em uma fábrica que produzirá antirretrovirais em Moçambique. 

2010- Um tratamento experimental utilizando células-tronco transplantadas de um doador não infectado, cura Timothy Ray Brown do HIV (falecido em Setembro de 2020). Porém os cientistas consideram o tratamento muito arriscado para ser aplicado em larga escala.

2011- Inicia-se a produção nacional do Raltegravir e Atazanavir, distribuindo o segundo deles gratuitamente via SUS. Neste ano, também iniciou-se a produção genérica do Tenofovir.

2013- Um novo medicamento une as drogas Efavirenz, Tenofovir e Lamivudina, sendo indicado para o tratamento em qualquer fase da doença. Nos EUA, médicos anunciam a cura de um recém-nascido portador da AIDS. O tratamento consistiu na aplicação de doses maciças de antirretroviral quando o paciente tinha apenas 30h de vida. O procedimento normalmente é feito em doses menores e somente a partir dos 4 meses de idade. 

2014- Um tratamento conhecido como edição genética estabelece a aplicação de injeções que contém DNA geneticamente modificado para ser mais resistente ao HIV, em pacientes portadores do vírus. A terapia substitui os coquetéis diários e os níveis do vírus ficaram baixos por vários anos. 

A prevenção é fundamental

Como você pode ver, o tratamento avançou muito desde a década de 80. Porém, no ano de 2019, o Governo Federal se preocupou com uma nova onda da epidemia de AIDS, que se mostra mais presente em homens. A detecção da doença cresceu em 133% no período de 2007 a 2017 em jovens de 20 a 24 anos, números extremamente preocupantes. 

É importante enfatizar que a AIDS ainda não tem cura, apesar de alguns casos isolados bem-sucedidos. A única maneira de se manter afastado da doença, é a prevenção. Use sempre camisinha, não compartilhe seringas e tenha um diálogo aberto com seus parceiros. A AIDS não escolhe gênero, classe social ou cor, cuide-se!

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