O termo espectro é utilizado para descrever a diversidade de características presentes
Pacientes diagnosticados com TEA por muito tempo viveram um estigma que não faz jus a eles. A falta de conscientização faz com que muitos os percebam como incapazes de desenvolver-se, fazer uma graduação e viver plenamente. As características mais comuns encontradas no espectro autista são a dificuldade de socialização, padrões inadequados de comportamento sem finalidade social e dificuldade de comunicação. Além destes citados, cada paciente pode apresentar uma infinidade de outros comportamentos totalmente individualizados, daí o uso do termo espectro.
E justamente por isso é comum, e verdadeiro, ouvirmos que “nenhuma pessoa TEA é igual à outra”
Por muitos anos a ampla gama de particularidades dificultou o diagnóstico das crianças, uma vez que existia a falta de um padrão que denominasse o TEA. Apesar de ser comum a identificação durante a infância, o espectro autista é algo que acompanhará o paciente durante toda a sua vida. Atualmente os cientistas consideram que existem três graus de TEA: o leve, o moderado e o severo.
No autismo leve, a criança apresenta pequenas dificuldades e pode desenvolver-se normalmente sem nunca necessitar de alguma assistência.
No moderado, podem existir algumas dificuldades como ajuda para preparar uma refeição e tomar banho.
E no autismo severo o paciente poderá precisar de assistência integral durante toda a sua vida.
Conforme a medicina avançou, pesquisadores puderam descobrir que além da individualidade de cada pessoa diagnosticada, o TEA não é um diagnóstico que necessariamente impossibilita o paciente de aprender, exercer uma profissão e constituir família (considerando o grau de TEA). A única diferença é que seu método de aprendizagem e seu comportamento os permitem fazê-lo de modo diferente.
Além disso, uma pessoa dentro do espectro autista pode ter habilidades únicas e impressionantes como a capacidade de foco contínuo por longos períodos de tempo, facilidades de aprendizagem e atenção aos detalhes.
Um grande exemplo é o Enã Rezende, um mato-grossense que acaba de se formar em medicina e já exerce a profissão. Aos 2 anos ele recebeu um diagnóstico errôneo de psicose infantil. Porém sua mãe continuou pesquisando e ao encontrar características do TEA em seu filho, descobriu que deveria estimulá-lo para aprender. O diagnóstico definitivo foi dado apenas aos 18 anos. Ela incentivou o Enã a aprender instrumentos musicais além de ler e escrever.
Ao chegar na pré-escola, encararam o preconceito ao ouvir da escola que ele nunca aprenderia como as outras crianças. A mãe do futuro médico não se deixou abater e continuou investindo no desenvolvimento do filho, que despertou em si a vontade de salvar vidas após o triste falecimento precoce do pai. Foi então que ele se dedicou intensamente a aprender mais sobre o corpo humano e ao crescer, se inscreveu para o vestibular de medicina.
Hoje, Enã tem 26 anos, atua no atendimento médico como clínico geral e já almeja voos mais altos como neurocirurgião. Além disso, ele possui um projeto que conduz com a família chamado “Autismo na Escola” que visa conscientizar alunos e professores, facilitando a convivência e aprendizagem.