Oswaldo Cruz é um dos nomes mais importantes da saúde brasileira
Nascido em 5 de agosto de 1872, Oswaldo Gonçalves Cruz estava destinado a mudar para sempre os rumos da história brasileira no cuidado à saúde. O futuro médico tem sua origem em São Luís do Paraitinga (SP) mas cresceu em terras cariocas, mudando com a sua família em 1877. Lá ele cursou Medicina e se formou no ano de 1892. Muito cedo já se interessava pela microbiologia, que rendeu sua tese de doutorado.
Após alguns anos em Paris, onde estudou soroterapia, imunologia e microbiologia, Oswaldo Cruz retorna ao Brasil e assume novamente seu antigo cargo na Policlínica Geral de Santos, com o objetivo de ajudar a estudar a morte de ratos que gerou um surto de peste bubônica.
Em 1903, Oswaldo retorna ao Rio de Janeiro e se torna diretor técnico no Instituto Soroterápico Federal em Manguinhos, em construção, e que anos depois passaria a se chamar Fiocruz. Lá ele se depara com seu primeiro grande desafio: a peste bubônica.
Oswaldo Cruz: o responsável por combater 3 epidemias
Não eram tempos fáceis para a saúde brasileira. A falta de saneamento básico criava um solo fértil para a disseminação de doenças que, ainda sem tratamento, faziam milhares de vítimas.
A cruzada para dizimar este problema iniciou com o surto de peste bubônica que matava cada vez mais pessoas. Na fazenda de Manguinhos, Oswaldo Cruz trabalhou para desenvolver o soro antipestoso além de implementar uma série de medidas que ajudaram a diminuir a disseminação da peste.
Os cuidados incluíam a notificação obrigatória de casos, o isolamento de doentes, a captura dos vetores (ratos) e uma grande campanha de saneamento. A aplicação destas normas, baseadas no controle que a própria França instituiu quando foi assolada pela peste bubônica, culminou em uma redução drástica no número de casos e controle da doença.
Em paralelo, outro problema causava prejuízos econômicos além de ceifar centenas de vidas: a febre amarela. A maioria dos(as) estudiosos(as) acreditava que a transmissão dessa doença se dava pelo contato com roupas, colchões, suor e secreções de pacientes. Isso resultou em uma operação gigantesca que tinha como foco, a desinfecção dos objetos dos(as) doentes.
Já Oswaldo Cruz tinha outra teoria: a de que a febre amarela era transmitida pelo mosquito Aedes Aegypti. Ao comprovar este fato, suspendeu as medidas antigas de desinfecção e focou os esforços no combate ao mosquito. Para isso, criou operações de limpeza e desinfecção de ruas, casas e jardins, mesmo diante da violenta reação da população contra esses esforços. A operação foi um verdadeiro sucesso e diminuiu significativamente a incidência de casos de febre amarela.
O que nos leva ao terceiro e pior desafio que Oswaldo enfrentou: o combate à varíola. Após sucessivas epidemias, os(as) habitantes do Rio de Janeiro já estavam cansados(as) das restrições e adoção de medidas nunca antes vistas. A chegada da varíola tornou isso ainda mais caótico.
Isso porque Oswaldo Cruz acreditava que somente a ampla vacinação da população do Rio de Janeiro poderia ajudar a frear o surto. O problema é que nessa época, não existiam campanhas de vacinação e muito menos a consciência da importância desta medida. A obrigatoriedade da vacina contra a varíola gerou revolta em todos os campos: da população, da Câmara e até mesmo da Escola Militar de Praia Vermelha, e ficou conhecida como a Revolta da Vacina.
Tomado pela pressão popular, o então presidente Rodrigues Alves tornou optativa a imunização com a vacina. Apesar deste retrocesso, uma grande parte das pessoas ainda optou pela imunização, o que praticamente erradicou a doença.
Por todos estes feitos, Oswaldo foi reconhecido mundialmente, recebendo até mesmo um prêmio na Alemanha no ano de 1907, durante o 14º Congresso Internacional de Higiene e Demografia de Berlim.
Infelizmente a trajetória deste brilhante sanitarista teve um fim prematuro. Oswaldo Cruz faleceu no ano de 1918 quando tinha apenas 44 anos. Após sua morte, o então Instituto de Patologia Experimental de Manguinhos, onde ele dedicou grande parte de sua vida, passou a se chamar Instituto Oswaldo Cruz em sua homenagem.
Mais tarde, no ano de 1970, o local recebeu outro nome, utilizado até hoje: Fundação Instituto Oswaldo Cruz. O local segue o pioneirismo muitas vezes protagonizado por Oswaldo Cruz e contribui significativamente para a melhora da saúde brasileira.
Se você quer saber mais sobre o instituto ou sobre a história de Oswaldo Gonçalves Cruz, agende uma visita.
Legado que permanece
Desde que a COVID-19 se tornou de conhecimento público, pesquisadores(as) da FioCruz junto a outros(as) milhares de todo o planeta, unem esforços para combater o vírus através de pesquisas. Mas, o Instituto também foi além.
A FioCruz inovou para contribuir ao máximo com a comunidade. Ampliou a capacidade de testagem em seus laboratórios e ofereceu capacitação para profissionais da rede pública terem o conhecimento necessário em fazer estes exames. Ainda no ano passado, junto ao SUS, construiu uma unidade de atendimento para infectados(as) pelo coronavírus com status moderado a grave que está em operação há mais de um ano.
Para proteger a população vulnerável que vive próxima aos campi da Fundação, criaram iniciativas que fornecem insumos para proteção individual e evitam o contágio pela COVID-19. Esta mesma iniciativa também firma parcerias para financiar projetos que continuam a fornecer assistência com produtos alimentícios e de higiene enquanto estas famílias precisam ficar isoladas.
Por último, não poderíamos deixar de citar a importante contribuição com a produção de vacinas Oxford/Astrazeneca. A Fundação obteve autorização para receber os insumos necessários e preparar lotes de imunizante distribuídos nacionalmente. Até agora, já foram mais de 74 milhões de doses!
A semente plantada por Oswaldo Cruz há mais de um século, permanece florescendo e frutificando. Que os(as) pesquisadores(as) deste, e de outros milhares de locais sejam cada vez mais reconhecidos por sua grande contribuição à sociedade.